Como não poderia deixar passar em branco o facto da
doçaria conventual, irei aprofundar um pouco mais, irei até ao
convento de santa Clara, Guimarães, onde na minha opinião provem o melhor dos
doces conventuais portugueses, o toucinho do céu.
O toucinho do céu é basicamente um bolo confeccionado
a partir de um ponto de açúcar e depois é adicionado de amêndoas e gemas,
habitualmente também doce de chila, para acabar a cozedura em forma de ir ao
forno. A sua variedade é impressionante, podendo conhecer Portugal através da
rota dos seus toucinhos do céu.
Só
pela designação, este doce sugere alguma curiosidade. Mas vejamos como variam
as receitas em território nacional. E comecemos por Guimarães. Em toda a
região, a receita está associada ao convento de Santa Clara, sem que, no
entanto, se encontre algum registo. Esta surge escrita no século XIX em
cadernos de receitas que supostamente as herdaram após a extinção das ordens
religiosas. Mesmo assim, surgem em Guimarães pequenos detalhes em várias receitas encontradas. De comum têmtodas
um começo com açúcar em ponto pérola, ao qual se junta amêndoa pelada e ralada,
doce de chila e gemas, por esta sequência, para depois ser colocada a massa em
forma redonda e cozer em forno brando. Há receitas que incluem também
pedacinhos de cidrão cristalizado. Depois de pronto, é polvilhado com bastante
açúcar em pó.
Em
Murça, convento de São Bento, foi encontrada a receita que ainda hoje em dia é
praticada. Começa da mesma forma, o açúcar, desta vez, em ponto de espadana, ao
qual se junta a mesma quantidade de amêndoa ralada e de doce de chila.
Polvilha-se com canela e acrescenta-se as gemas. A grande diferença é que vai a
cozer ao forno em tabuleiro rectangular. Depois de pronto polvilhar-se com açúcar
em pó.
Podemos
ainda encontrar variadas outras receitas ao longo do país inteiro deste mesmo
doce, todas magnificas, mas eu fico-me mesmo pelo convento de Santa Clara, que
para mim, sem dúvida, a melhor receita e o melhor doce conventual, se não o
melhor doce de Portugal.
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