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quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Herdade do Touril

Boas, estive sem fazer publicações durante bastante tempo, apesar de não fazer muitas normalmente, queria apenas deixar-vos com um pouco dos meus trabalhos desenvolvidos durante o meu periodo nesta herdade magnifica, ainda foram alguns, vou deixar aqui uns quantos, talvez os melhores e bem mais conseguidos, espero que gostem, mais tarde talvez vos passe todos os metodos de confecção ahaha, abraços amiguinhos!












quarta-feira, 30 de março de 2016

Gastronomia Molecular

A gastronomia molecular é um ramo da ciência que se dedica ao estudo dos fenómenos físicos e químicos  que ocorrem durante a preparação dos alimentos.
Têm um cuidado maior com os Aromas, os sabores e as próprias texturas.
Envolve a física, a química, a bioquímica e a biologia.
Procura compreender os tradicionais métodos empíricos da culinária(tentar falar com quem sabe e dar uma explicação cientifica). 
Novo estilo culinário com base em pesquisas cientificas, avanços tecnológicos de equipamentos e ingredientes.
Utiliza a desconstrução e reconstrução em novos pratos tendo por base pratos da cozinha clássica.

Vantagens da gastronomia molecular:
  1. Beneficia o aperfeiçoamento das criações e o desenvolvimento de novas técnicas culinárias.
  2. Permite testar os alimentos e as receitas procurando entender o que há de certo e errado no seu processo de elaboração e confecção.
  3. Envolve novas combinações de ingredientes e novos métodos de preparação.
  4. Permite cozinhar a vácuo e utilizar ingredientes menos usuais, que nos parecem estranhos no nosso dia-a-dia, como por exemplo: ágar-ágar.
Sendo então a cozinha mais moderna da actualidade. 

segunda-feira, 28 de março de 2016

Toucinho do céu



Como não poderia deixar passar em branco o facto da doçaria conventual, irei aprofundar um pouco mais, irei até ao convento de santa Clara, Guimarães, onde na minha opinião provem o melhor dos doces conventuais portugueses, o toucinho do céu.
O toucinho do céu é basicamente um bolo confeccionado a partir de um ponto de açúcar e depois é adicionado de amêndoas e gemas, habitualmente também doce de chila, para acabar a cozedura em forma de ir ao forno. A sua variedade é impressionante, podendo conhecer Portugal através da rota dos seus toucinhos do céu.
Só pela designação, este doce sugere alguma curiosidade. Mas vejamos como variam as receitas em território nacional. E comecemos por Guimarães. Em toda a região, a receita está associada ao convento de Santa Clara, sem que, no entanto, se encontre algum registo. Esta surge escrita no século XIX em cadernos de receitas que supostamente as herdaram após a extinção das ordens religiosas. Mesmo assim, surgem em Guimarães pequenos detalhes em  várias receitas encontradas. De comum têmtodas um começo com açúcar em ponto pérola, ao qual se junta amêndoa pelada e ralada, doce de chila e gemas, por esta sequência, para depois ser colocada a massa em forma redonda e cozer em forno brando. Há receitas que incluem também pedacinhos de cidrão cristalizado. Depois de pronto, é polvilhado com bastante açúcar em pó.
Em Murça, convento de São Bento, foi encontrada a receita que ainda hoje em dia é praticada. Começa da mesma forma, o açúcar, desta vez, em ponto de espadana, ao qual se junta a mesma quantidade de amêndoa ralada e de doce de chila. Polvilha-se com canela e acrescenta-se as gemas. A grande diferença é que vai a cozer ao forno em tabuleiro rectangular. Depois de pronto polvilhar-se com açúcar em pó.
Podemos ainda encontrar variadas outras receitas ao longo do país inteiro deste mesmo doce, todas magnificas, mas eu fico-me mesmo pelo convento de Santa Clara, que para mim, sem dúvida, a melhor receita e o melhor doce conventual, se não o melhor doce de Portugal.


sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Açúcar




Hoje em dia a maior parte das pessoas não se dá conta do sofrimento que este produto causou no mundo para que hoje possa estar disponível no mercado a tão baixo preço. É daqueles produtos que a historia tanto se preocupou e tantos registos lhe deu.
Pouco sabemos sobre a origem do açúcar. Está identificado como originário da Índia e manuscritos chineses referem a presença da cana-de-açúcar já no século VII AC. Há também noticias da existência de cristais de açúcar na Índia no século V AC, que permitiam um melhor armazenamento e transporte. Ao que parece os chineses reivindicam a paternidade do açúcar. Segundo consta, foi neste continente que passou do caldo de cana-de-açúcar para cristais de açúcar, desenvolve-se então sua preparação e divulgação nas rotas comerciais da época que incluíam já, a navegação. No século V, foram os monges budistas da Índia que passaram para a China o ensino da plantação da cana-de-açúcar, o imperador Li Shimin torna-se interessado pelo açúcar. Segundo a História Natural, de Sukung, encontra-mos a seguinte transcrição "O imperador Tai-Hung enviou trabalhadores para que aprendessem a arte de fabrico do açúcar a Lyu (Índia) e sobretudo a Mo Ki To (Bengala)", no século VII. Reza a lenda que Buda é procedente do país do açúcar, Bengala. O açúcar era conhecido como "o mel que não necessita de abelhas" para ser fabricado. Mas também na Bíblia é referido como "doce cana" que ia do Oriente para o Ocidente em caravanas.
Dos Romanos que habitaram por nossas terras não temos qualquer indicação da existência de açúcar. Nas primeiras receitas que chegaram até nós só aparece o mel. Aqui, na Península Ibérica, o açúcar era já utilizado pelos mouros que o recebiam através do comércio do Mediterrâneo.
Em Portugal o açúcar de cana já era conhecido desde a sua fundação devido aos mouros, mas era apenas utilizado em Medicina, para problemas digestivos como a azia ou para questões emocionais. Ainda hoje utilizamos água com açúcar para acalmar os nervos.
D.João I, 1404, apoia a primeira plantação de cana-de-açúcar no Algarve, através do genovês Giovanni de Palma, mas sem sucesso. Acaba por ser na ilha da Madeira que se inicia a produção de cana-de-açúcar. Em 1496, D.João II, proíbe os estrangeiros de residirem na ilha da Madeira, com fins de manipulação e agiotagem sobre a manipulação açucareira local. O açúcar era tão importante, como novo produto, que D.João II acaba por destinar para a coroa o exclusivo da exportação destinada aos portos do Levante.
Após ter sido estabelecido o mapa da colonização do Brasil, 1530, é desenvolvida a plantação de cana-de-açúcar devido as qualidades dos terrenos e clima sabe-se que o primeiro engenho terá sido estabelecido em 1533. Mas só em 1545 é que se tem noticia concreta da exportação do açúcar brasileiro. Em 1628 é registado que o Brasil já conta com 235 engenhos, sendo que em 1629 já se encontram 346 engenhos registados. Olinda é considerada a capital açucareira. A riqueza conhecida do açúcar e a tentativa de assalto por piratas na travessia do Atlântico levaram D.Filipe III de Portugal a estabelecer uma carta régia para que os barcos carregados de açúcar do Brasil fossem agrupados em frotas, obrigatoriamente. Nesta época, padre António Vieira, 1608-1697,  que já tinha solicitado o regresso dos judeus a Portugal, manifesta-se novamente no Brasil em defesa dos indígenas, combate a escravatura, chegando mesmo a defender a sua abolição. "Se adoçais a boca com o açúcar, não é doce o que tomais, mas é fel, é verdadeiro e humano; e se o tendes posto em alguma bebida, o que bebeis é sangue."
No reinado de D.Manuel I é proibida a venda de doçaria a homens, como forma de controlar o seu consumo excessivo.É então criada a profissão de "alfeloeiras". Nas Ordenações Manuelinas escreveu-se que "algumas mulheres podem vender alféloa, nas ruas ou praças, como em suas casas, ou pousadas, sem que sofram qualquer pena por isso." Entretanto, conhecidas as instalações de novos conventos, e facilitado o acesso a membros da família real e da alta nobreza, serão as cozinheiras e empregadas dessas meninas que irão desenvolver o que se chama doçaria conventual.
Em 1751 é conhecida a Henrique Smith, a primeira fábrica de refinação de açúcar, em Lisboa, seguindo-se a segunda dois anos depois, Manuel Leitão de Oliveira, também em Lisboa. Em 1758 no Brasil, os índios são libertados. Possivelmente pelo excesso de produção é proibida a cultura de cana-de-açúcar no estado do Maranhão. Em Portugal, 1761, é abolida a escravatura e declarados libertos os escravos que entrarem em Portugal. No Brasil registou-se apenas em 1888, já independente desde 1822, e que possivelmente precipitou o fim do império. Em 1770, é concedida a licença para a primeira refinaria no Porto, propriedade de João Batalha Freire. Em 1834, dá-se a extinção das ordens religiosas, data que veio determinar a saída de receituário para fora dos conventos que marca também o decréscimo da criatividade posterior de grande doçaria, à excepção do pudim abade de Priscos, que apesar de não ser conventual, é um grande doce, possivelmente a melhor criação doceira depois da extinção das ordens religiosas.
O açúcar veio, de facto, a revelar-se o principal produto depois das Descobertas. Alterou o hábito dos portugueses e desenvolveu-se num quotidiano com tanta força que raramente nos damos conta disso.

Baseado em "Doces da nossa vida" de Virgílio Nogueira Gomes.